terça-feira, 14 de agosto de 2012

LINGUAGEM: Como já disse Stanistaw Ponte Preta: “quem gosta de doce-de-coco sabe a importância de um circunflexo”


SDS!

É muito comum escutarmos críticas à forma abreviada que os jovens usam na comunicação via internet. Mas será que isto é novo? A internet, principalmente via salas de bate-papo, exige uma comunicação rápida para não cansar os envolvidos na conversa.

A telefonia celular difundiu o envio de mensagens SMS – conhecidas por "torpedos". Mandam-se mensagens de qualquer lugar e a qualquer hora. Mais uma vez, as limitações tecnológicas – neste caso, o tamanho da tela do aparelho e a funcionalidade do teclado – influenciam a estrutura da língua utilizada: quanto menos caracteres utilizados, mais espaço para a mensagem e mais ágil e fácil enviá-la.

A regra da natureza aplica-se neste caso: adaptação é sobrevivência! Então, é natural que as pessoas abreviem palavras muito recorrentes de forma a agilizar a digitação e por conseqüência a comunicação em si. Mas, nas antigas salas de aula, onde o professor ditava e os alunos copiavam, quem não usou abreviações?

A proliferação de abreviaturas, hoje característica comum às variedades de ambientes virtuais, não é novidade e já aconteceu em vários outros períodos históricos, mais especificamente, na Idade Média, também motivada por pressões decorrentes da tecnologia da época. Antes da invenção da imprensa, o trabalho de divulgação e reprodução do conhecimento era feito pelos monges copistas, nos mosteiros medievais. A tarefa árdua da cópia fez com que se desenvolvesse o hábito das abreviações.

E os telegramas e os telex (“vg” para vírgula; eh para é...)? Eram ou não eram uma linguagem à parte? Isto sem falar nos dialetos fechados como a “língua do P”...

O internetês não representa uma ameaça ao idioma. Bobagem! No passado a grafia do “caipirês” de Chico Bento, personagem de Mauricio de Sousa, também foi atacado pelo risco de ensinar errado às crianças... Não aconteceu!

A língua é viva e sócio-historicamente construída. A linguagem, como espelho da vida social, ajusta-se ao momento, aos meios, à tecnologia. Tudo que não se adapta aos novos contextos é extinto. Seja animal ou linguagem. Gosto de pensar na Linguagem como uma roupa: cada ambiente pede a sua. Reconhecer e respeitar isto é inteligência e bom senso.

Ou você ainda fala Vossa Mercê em vez de você? Começou de uma expressão bem maior, que era "vossa mercê", um tratamento mais respeitoso. Depois foi "vosmecê", "você" e hoje já usam intensamente o "cê”.

Cabe às escolas entenderem esta dinâmica e propor uma educação efetivamente libertadora que permita o desenvolvimento do senso crítico e o discernimento. Tal e qual tudo mais na sociedade, devemos ensinar uma etiqueta lingüística: o que falar, onde falar, como falar!

Bjos!

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