quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O ano de 2012 vai marcar os 110 anos de nascimento de Carlos Drummond de Andrade e os 25 de sua morte

                                        Quando nasci, um anjo torto
                                       desses que vivem na sombra
                                 disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) nasceu em Itabira de Mato Dentro, interior de Minas Gerais. Filho de Carlos de Paula Andrade e Julieta Augusta Drummond de Andrade, proprietários rurais decadentes. Estudou no colégio interno em Belo Horizonte, em 1916. Doente, regressa para Itabira, onde passa a ter aulas particulares. Em 1918, vai estudar em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, também no colégio interno.

Em 1921 começou a publicar artigos no Diário de Minas. Em 1922 ganha um prêmio de 50 mil réis, no Concurso da Novela Mineira, com o conto "Joaquim do Telhado". Em 1923 matricula-se no curso de Farmácia da Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte. Em 1925 conclui o curso. Nesse mesmo ano casa-se com Dolores Dutra de Morais. Funda "A Revista", veículo do Modernismo Mineiro.

Drummond leciona português e Geografia em Itabira, mas a vida no interior não lhe agrada. Volta para Belo Horizonte, emprega-se como redator no Diário de Minas. Em 1928 publica "No Meio do Caminho", na Revista de Antropofagia de São Paulo, provocando um escândalo, com a crítica da imprensa. Diziam que aquilo não era poesia e sim uma provocação, pela repetição do poema. Como também pelo uso de "tinha uma pedra" em lugar de "havia uma pedra". Ainda nesse ano, ingressa no serviço público. Foi auxiliar de gabinete da Secretaria do Interior de Minas.

Em 1930 publica o volume "Alguma Poesia", abrindo o livro com o "Poema de Sete Faces", que se tornaria um dos seus poemas mais conhecidos: "Mundo mundo vasto mundo se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução". Faz parte do livro também, o polêmico "No Meio do Caminho", "Cidadezinha Qualquer" e Quadrilha". Em 1934 muda-se para o Rio de Janeiro, vai trabalhar com o Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema. Em 1940 publica "Sentimento do Mundo" influenciado pela Segunda Guerra Mundial. Em 1942 publica seu primeiro livro de prosa, "Confissões de Minas". Entre os anos de 1945 e 1962, foi funcionário do Serviço Histórico e Artístico Nacional.

Em 1946, foi premiado pela Sociedade Felipe de Oliveira, pelo conjunto da obra. O modernismo exerceu grande influência em Carlos Drummond de Andrade. O seu estilo poético era permeado por traços de ironia, observações do cotidiano, de pessimismo diante da vida, e de humor. Drummond fazia verdadeiros "retratos existenciais", e os transformava em poemas com incrível maestria.

A poesia de Carlos Drummond de Andrade era facilmente entendida e captada pelo grande público, o que o tornou poeta popular, o que não quer dizer que seus poemas fossem superficiais. A Rosa do Povo é um poema muito conhecido e comentado. A rosa nesse poema funciona como metáfora do entendimento universal, dos valores da democracia e da liberdade, valores típicos da modernidade no século 20. Carlos Drummond de Andrade foi também tradutor de autores como Balzac, Federico Garcia Lorca e Molière.

Em 1950, viaja para a Argentina, para o nascimento de seu primeiro neto, filho de Julieta, sua única filha. Nesse mesmo ano estréia como ficcionista. Em 1962 se aposenta do serviço público mas sua produção poética não para. Os anos 60 e 70 são produtivos. Escreve também crônicas para jornais do Rio de Janeiro. Em 1967, para comemorar os 40 anos do poema "No Meio do Caminho" Drummond reuniu extenso material publicado sobre ele, no volume "Uma Pedra no Meio do Caminho - Biografia de Um Poema". Em 1987 escreve seu último poema "Elegia de Um Tucano Morto".

Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro, no dia 17 de agosto de 1987, doze dias depois do falecimento de sua filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade.

Obras de Carlos Drummond de Andrade


No Meio do Caminho, poesia, 1928
Alguma Poesia, poesia, 1930
Poema da Sete Faces, poesia, 1930
Cidadezinha Qualquer e Quadrilha, poesia, 1930
Brejo das Almas, poesia, 1934
Sentimento do Mundo, poesia, 1940
Poesias e José, poesia, 1942
Confissões de Minas, ensaios e crônicas, 1942
A Rosa do Povo, poesia, 1945
Poesia até Agora, poesia, 1948
Claro Enigma, poesia, 1951
Contos de Aprendiz, prosa, 1951
Viola de Bolso, poesia, 1952
Passeios na Ilha, ensaios e crônicas, 1952
Fazendeiro do Ar, poesia, 1953
Ciclo, poesia, 1957
Fala, Amendoeira, prosa, 1957
Poemas, poesia, 1959
A Vida Passada a Limpo, poesia, 1959
Lições de Coisas, poesia, 1962
A Bolsa e a Vida, crônicas e poemas, 1962
Boitempo, poesia, 1968
Cadeira de Balanço, crônicas e poemas, 1970
Menino Antigo, poesia, 1973
As Impurezas do Branco, poesia, 1973
Discurso da Primavera e Outras Sombras, poesia, 1978
O Corpo, poesia, 1984
Amar se Aprende Amando, poesia, 1985
Elegia a Um Tucano Morto, poesia, 1987

CRÔNICA DO EDITOR: FLANELINHA TRAINEE

Precisei ir ao cartório solicitar uma certidão. Incrível como o paradoxo do tempo nos espanta. Conseguimos apurar todos os votos de Curitiba, para prefeito, em menos de 1 hora, mas para retirar uma certidão de registro de imóveis temos que solicitar no cartório, presencialmente - em carne, osso e barriga - e esperar até 5 dias para receber! Em tempos INFORmação autoMÁTICA, parece-me que alguns processos meramente bur(r)ocráticos prevalecem e se perpetuam no tempo e no espaço, como memória viva de tempos d'antanho.

MAS, retomando o fio da meada, cheguei ao cartório, que, lógico, não tem estacionamento para clientes, e parei o carro na rua, entre dois outros a mostrar-me que eu deveria ter levado mais a sério os exercícios de baliza. Após muitos xingamentos e idas e vindas tentando acertar a vaga... consegui! Entrei, peguei a senha, esperei...esperei...esperei... e muitos esperei depois fui atendido por um sorriso automático - tipo máscara - que trocou a minha necessidade por um protocolo sem maiores explicações.

Na saída, ao entrar no meu carro fui abordado por um flanelinha que apresentava um tratamento muito mais alegre, pessoal e gentil do a máscara cartorária. Afinal, ele só ganha se agradar ao cliente!  Indaguei o por que dele não ter vindo me ajudar a estacionar e agora aparecia para cobrar? - Parece o governo - brinquei eu tragicomicamente. Nisto aparece outro (supervisor!?) que pede desculpa e abona o meu pagamento com uma explicação: - desculpe ele 'dôtor', é que ele é "trainee". Fiz questão de pagar para servir de incentivo ao novel flanelinha na sua iniciação. Afinal, qualificação é tudo...

EM TEMPO: Apesar de já pagar impostos e mais impostos para ter segurança, confesso que me sentir menos lesado ao pagar aos flanelinhas do que ao cartório. Fui melhor atendido, minha queixa foi levada em consideração e a solução foi imediata. 

POIS É, "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come". Semana que vem retorno para retirar a certidão em meios a sorrisos plásticos e 'trainnees"...

CRÔNICA DO PALÁCIO DOS LEÕES - por José Aparecido Fiori

Por ruas escuras eu passo, não sei se corro, pego pra comer, laço ou traço. Vou à chácara dos Leões, ali,. Na subidinha do Colégio Estadual. Adentro portais apagados, acendo castiçais, a igreja fechada, cadê os fiéis? Intrigo-me, aflito ao lar retornar, que lar, se nunca tive um lugar pra viver, muito menos, amar? Subimos o monte Carmelo orando pra ninguém nos fazer o mal. Sejamos prudentes como as serpentes e simples como as pombas! Quantos discursos ouvimos coloquialmente ou fizemos e esquecemos, agora, de lembrar? Mas vamos lá ao concreto, ao fato, sem divagar. O Anthony nos convidou pra mais uma rodada de Literatiba, putz, gostei do nome. Curitiba é um centro cultural, piás e moçadas de primeiro a terceiro graus. Amo esta minha cidade. Sou pé verméio, mas 40 anos de capitár. Aqui me constitui um profissionár, ainda q desempregado sou e estou per omnia saecula saeculorum. Ah, nem tanto. Esperamos a chances, ainda que tardar. Estudei, plantei uma árvore, fiz filhos aqui, sou um curitbano, um curitibar. Nem sabia que por ali, na redondeza do Palácio dos Leões houve ou existiu um teatro, teatro do Outeiro da Glória? Pesquisadores, há de se pesquisar. Entre um vino e uno altro bom gole de arrebentar, conversar pra papear, e assuntos pra jogar em off, em on ou fora do ar. Conta-me o Willy Shuman que o Fidel fez uma tremenda de uma khda ao mandar pro paredón amigos do Hemingwai , putz, tá errado o nome aqui... E o escritor de la Bodeguita ficou muito chateado com isso, ainda q seus amigos fossem simpatizantes ou não do ex-ditador derrubado, o Batista. Isso teria motivado o suicídio do escritor? Entonces não sabia q há um carneiro bom de mangiare na Associação do Abranches, lá perto do cemitério onde foi sepultado nosso confrade jornalista Arnaldo Cruz, que assessorou a vereadora Nely Almeida, igualmente falecida e enterrada (já falamos sobre esse velório hoje!). E tem mais um butequinho bom ali, em frente, q dá de paparicar e talagar uma cervejinha gelada no ponto. Um bar de madeira. Já fui lá. E parlamos tanto q nem mais me lembro, um Marino, advogado brizolista, mais o enólogo Lima, o Colere, sorry, não sei mais lembrar. O Palácio dos Leões q fora a mansão dos magnatas, ervateiros?, hoje é, decidamente, um centro cultural, onde se reúnem pessoas cultas e incultas dos vários naipes. Onde, igualmente, encontramos amigos dos tempos de pelejar nas faculdades. E parlando, palarndo, se vá lontano. Buona note!!

EM TEMPO: Fi-lo, porque qui-lo... E ouvi contar ontem, no Palácio dos Leões, durante ágape literário promovido pelo mecenas mor curitibaiano Anthony Leahy: 'mostraram uma revista de mulher pelada para o então Jânio Quadros, era a sex-appeal Bruna Lombardi..., no que o ex-presidente da República disse: "se fosse novo, come-la-ia..., como já sou velho, como-Eloá". Eloá era a esposa do presidente!
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José Aparecido Fiori, jornalista, MT 963/06/83v, Mat. sindical 793, Sindicato dos Jornalistas Prof. do Paraná.
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