sábado, 1 de setembro de 2012

A genialidade absolve o gênio? Lewis Carroll (Charles Lutwidge Dodgson, autor de Alice no País das Maravilhas) era genial mas sua genialidade deixava a sua pedofilia menos doentia e nojenta?

E AFINAL, FORA DO UNIVERSO DAS PAIXÕES ARDENTES, PRAGMATICAMENTE E RACIONALMENTE, MONTEIRO LOBATO ERA RACISTA?
Calma! Não estou falando dos livros, de Pedrinho, de Emília, das referências à Tia Nastácia, ao Tio Barnabé... Estou falando do homem, do intelectual, do cidadão MONTEIRO LOBATO.

Sou deste que acreditam que para entender a intenção da obra temos que analisar o perfil do criador, suas crenças e escala de valores. A partir do perfil psicológico do homem, chegamos à verdadeira proposta revelada nas obras. Para tanto, vamos analisar não os livros e sim as manifestações, públicas e particulares, de seus paradigmas e crenças. E nada melhor do que analisar as cartas dele aos amigos. 

VEJAMOS:

CARTA DE MONTEIRO LOBATO PARA RENATO KEHL: "País de mestiços, onde branco não tem força para organizar um  Ku Klux Klan é país perdido para altos destinos";

CARTA DE LOBATO PARA ARTHUR NEIVA - MAIOR DEFENSOR DO EUGENISMO NA BAHIA: "Sua Bahia, dr. Neiva, positivamente enfeitiçou-me. Mas que feio material humano formiga entre tanta pedra velha! A massa popular é positivamente um resíduo, um detrito biológico. Já a elite que brota como flor desse esterco tem todas as finuras cortesãs das raças bem amadurecidas". 

CARTA PARA GODOFREDO RANGEL: "Dizem que a mestiçagem liquefaz essa cristalização racial que é o caráter e dá uns produtos instáveis. Isso no moral - e no físico, que feiura! Num desfile, à tarde, pela horrível Rua Marechal Floriano, da gente que volta para os subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas - todas, menos a normal. Os negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão, vingaram-se do português de maneira mais terrível - amulatando-o e liquefazendo-o, dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios à tarde."
OU SEJA:
MONTEIRO LOBATO era adepto de um conceito racista chamado eugenia. A ideia, surgida na França na metade do século 19 e que tinha no médico François Galton seu maior defensor, era definida como "o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer qualidades raciais das futuras gerações, física ou mentalmente" - e na prática representava uma exaltação da superioridade da raça "branca" em relação às outras. Ou seja, racismo. Nas primeiras décadas do século 20, a eugenia ganhou status de ciência. O paulista Renato Kehl era um dos principais estudiosos e defensores do tema e do conceito no Brasil. Foi por iniciativa dele que foi criada, em 1918, a Sociedade Eugênica de São Paulo. Em suas diversas obras, ele defende princípios como a proibição de imigrantes que não fossem de raça branca e esterilização de pessoas que, em sua ótica, apresentassem "problema físicos ou mentais". Os princípios defendidos por Kehl são muito parecidos com aquilo que, na Europa, foi o referencial teórico da ideologia racial que embasou o nazismo e culminou no holocausto entre tantos outros absurdos. Nas cartas de Monteiro Lobato para Renato Kehl fica explícito o entusiasmo dele com as ideias eugênicas: "Lamento só agora travar conhecimento com um espírito tão brilhante como o seu". Em 1921, Kehl publicou um artigo chamado A Esterilização sob o Ponto de Vista Eugênico, no qual defende a prática como "um auxiliar poderoso da redução dos degenerados". Para Lobato, em carta de 9 de outubro de 1929, Renato Kehl era "um D. Quixote científico (...) a pregar para uma legião de panças" (ignorantes, inúteis). 

CONCLUSÃO: ELE ERA RACISTA COMO A MAIORIA DA SOCIEDADE DA ÉPOCA, INCLUSIVE BOA PARTE DA IGREJA. O FATO DE CONTEXTO HISTÓRICO JUSTIFICA E INOCENTA A TUDO E A TODOS? ENTÃO O NAZISMO ESTÁ JUSTIFICADO PELO HUMILHANTE TRATADO AO FINAL DA 1a. GUERRA QUE SUBMETEU O POVO ALEMÃO À MISÉRIA DENTRO DA SUA PRÓPRIA TERRA? 

ELE NÃO ESTAVA SOZINHO. VÁRIOS CIENTISTAS RENOMADOS E AUTORIDADES SIMPATIZAVAM COM A EUGENIA E OUTRAS PRÁTICAS ONDE PREGAVAM A SUPREMACIA RACIAL BRANCA.

ANTES, AINDA, DARWIN, POR EXEMPLO, JÁ DEFENDIA A SUPREMACIA RACIAL BRANCA EUROCENTRISTA E FEZ OFENSIVAS AFIRMAÇÕES SOBRE O POVO BRASILEIRO. Vejamos o que Darwin relata no livro O DIÁRIO DE BEAGLE:


"Os brasileiros, até onde posso julgar, possuem apenas uma pequena fração daquelas qualidades que conferem dignidade à humanidade. Ignorantes, covardes e indolentes ao extremo. "

OUTRAS IDEIAS DE DARWIN:

"Entre os selvagens, os fracos de corpo e mente são logo eliminados. Nós, civilizados, fazemos o possível para evitar essa eliminação; construímos asilos para os imbecis, os aleijados, os doentes; instituímos leis para proteger os pobres... Isso é altamente prejudicial à raça humana" (The Descent of Man, 1871, p.168-169)

Sobre o negro: “Em algum período futuro não muito distante se medido em séculos, as raças civilizadas do homem exterminarão e substituirão, quase com certeza, as raças selvagens no mundo todo. Ao mesmo tempo, os macacos antropomorfos... serão sem dúvida exterminados. A brecha entre o homem e seus parentes mais próximos será ainda mais larga, pois ela se abrirá entre o homem num estado ainda mais civilizado, esperamos, do que o próprio caucasiano, e algum macaco tão inferior quanto o babuíno, em vez de, como agora, entre o negro ou o australiano e o gorila.” (The Descent of Man, p. 178)



E AÍ?

Um comentário:

  1. Eu convivi com avós racistas "embutidos", e nunca entendi a posição deles. Criança não faz discriminação, principalmente se frequenta escola pública como eu estudava na época. Eles nasceram na primeira década de 1900 e tinham as ideias, mas foram progredindo com a sociedade. Então ficava o sentimento embutido. Volta e meia eu me deparava com atitudes que eram contrárias aos ensinamentos que eu recebia deles mesmos: igualdade. Acho que no caso deles era: "faça o que eu digo e não o que eu faço".

    ResponderExcluir