domingo, 26 de agosto de 2012

A Última Viagem do Barão do Serro Azul

Ildefonso Correia do Serro Azul, filho caçula do Barão, tinha seis anos quando o pai morreu, com quase quarenta e nove anos. Tornou-se grande orador, poeta e membro da Academia de Letras do Paraná. Era extrovertido e de picardia singular. Escreveu inspirados versos sobre o sacrifício do Barão, notáveis pelo sentimentalismo, entre os quais “Saudade” que, em parte, reproduzimos:

... Disseste à minha mãe esta frase eloquente:
“Pois bem, minha mulher, se alguma coisa eu valho, eu só quero valer para o meu Paraná!”
Que profunda saudade, que agonia! Por que foi, por que foi que mataram meu pai?

...

Não  sobrou  tempo  a  Balbino  para  prosseguir  o  diário,  nem  para protestar  quando,  aos  gritos,  o  acordaram,  à  boca  da  noite.  Ainda  mal desperto,  ouviu  o  major  Gabriel  de  Carvalho  proceder  à  chamada  dos outros companheiros.

Pôde apenas desabafar ao Barão:

— Não entendo. Prometeram-nos o julgamento aqui em Curitiba. Vem  agora  essa  ordem  de  embarque  para  o  Rio.  E  sem  despedidas  da família. Isto é outra violência sem nome!

Serro Azul vestiu  o  capote.  Arrumou, rápido,  algumas  peças  de roupa. Mandou avisar 'Nhô Vica' pedindo providenciar dinheiro. Presciliano acomodou seus pertences numa valise. José Joaquim Ferreira de Moura, enfebrado, mal podia levantar-se. Schleder ajudou-o a vestir-se. Em menos  de  quinze  minutos  os  cinco  prisioneiros  estavam  em condições de partir. Perturbava-os uma certa palpitação descompassada, uma  insegurança  intuitiva,  um  pressentimento  sopitado  à  luz  de  uma vaga esperança.
...

O relógio da catedral repetia as batidas solitárias: nove horas. A cidade ainda não dormira, entorpecida de pavor ou “ transida de medo”. Caía uma chuva fina, hibernal. A escolta subiu, a pé a rua América, a atual rua Trajano Reis. Os prisioneiros se comunicavam, silentes, pela expressão dos olhos, com certo ar de espanto. Tinha a marcha um toque sinistro, misturado ao barulho das espadas resvalando na calçada, em contraste com o silêncio tumular da noite.

Mesmo sob a agrura da humilhação e do vexame, Serro Azul parece  tranqüilo,  escudo  e  rocha  de  um  grupo  de  homens  desorientados  e perplexos. Vira-se para Schleder, um pouco atrás, incentivando-o:
— Confiança, Jejé. Não é a liberdade ainda. Mas, creia que tudo dará certo...
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Capa do livro: Última Viagem do Barão do Serro Azul, A, James AndersonÚltima Viagem do Barão do Serro Azul, A - 2ª Edição
Túlio Vargas, 148 pgs.
Publicado em: 19/11/2003
Editora: Juruá Editora
ISBN: 853620606-3
Preço: R$ 29,90

* Desconto não cumulativo com outras promoções e P.A.P.           
SINOPSE
Inspirado neste livro, o produtor Maurício Appel levou para as telas dos cinemas, sob o título de “O Preço da Paz”, a tragédia do Barão do Serro Azul. Libelo contra a violência, a intolerância e a perfídia, o longa-metragem recompõe a imagem fascinante do Barão em meio ao tumulto das paixões que sacudiram aqueles tempos revolucionários. Premiado no Festival de Cinema de Gramado(RS) nas categorias Júri Popular, Produção de Arte e Montagem Técnica, o filme revelou para o Brasil os grandes avanços do Paraná nesse campo, tanto na qualidade técnica ou no primoroso roteiro, quanto na temática instigante e atraente. Serro Azul foi sempre uma figura singular. A desventura aumentou-lhe aquela auréola de encantamento e brilho, que tem causado impacto em sucessivas gerações. Mártir ou herói, tanto o livro, quanto o filme, permitem uma reflexão ou uma revisão sobre o papel que ele desempenhou nessa quase lendária história de pica-paus e maragatos. Então será possível entender as causas determinantes desse drama épico que lhe arrebatou a vida.
CURRÍCULO DO AUTOR
Túlio Vargas, natural de Piraí do Sul/PR, filho do deputado Rivadávia B. Vargas e Dalila R. Vargas, e bisneto do celére sertanista, político e revolucionário Telêmaco Borba. Bacharel em Direito. Deputado Estadual em 1962, reeleito na legislatura seguinte. Deputado Federal em 1970, igualmente reeleito, ocupou outros cargos relevantes: Secretário de Estado da Justiça, Presidente do BRDE, Procurador-Geral junto ao Tribunal de Contas do Estado do Paraná e Governador do Lions Internacional. Atualmente, preside a Academia Paranaense de Letras. É Cidadão Benemérito do Paraná.

Crônicas de Curitiba de Margarita Wasserman: O SOFÁ !

Ah, o sofá!   A história era “moeda corrente” entre os curitibanos. Todos comentavam a existência  de  um  sofá  na  sala  do governador, no Palácio Iguaçu. Simpático, acessível e mulherengo, sempre atendia solícito a todos que o procuravam. Creio que atendia aos seus pedidos com a maior boa  vontade. 

Mas... as mulheres  jovens  e  bonitas,  muitas vezes eram “solicitadas” a usarem o tal sofá! Diziam que ele não escolhia: era jovem e bonita? “Estava no papo!” Uma professora daqui  era  sempre  escolhida  pelas  colegas como  emissária  junto  ao  governador.  Depois de muitas visitas e deitar-se no tal   sofá, e voltar   com   os   problemas   da   escola  resolvidos, o corpo docente resolveu expulsá-la “por má conduta”. Justamente por ser muito simpático, era seguidamente convidado por mulheres humildes para ser padrinho de seus nenês. Isto, ainda antes ser governador.

Uma tarde, uma adolescente pediu uma audiência e apresentou-se como sua afilhada. Entusiasmado com a juventude e “saúde” da menina, ele pediu que ela voltasse depois das 18 horas. O expediente encerrado e ele teria muito tempo para ela. Só as serventes encarregadas da limpeza foram testemunhas dos gritos e da correria pelos corredores, daquela mocinha assustada...
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Capa do livro: Crônicas de Curitiba, Enézio de Deus Silva Júnior e Patrícia Lacerda Trindade de LimaCrônicas de Curitiba
Margarita Wasserman, 110 pgs.
Publicado em: 1/5/1998
Editora: Juruá Editora
ISBN: 857394090-5
de: R$ 19,70 - por: R$ 15,76*

* Desconto não cumulativo com outras promoções e P.A.P.