Eu tenho medos bobos e coragens absurdas. Eu vivo cercado de pessoas por fora da minha bolha egocêntrica, infantil e sensível. Eu vivo à espera daquele momento, mas não sei que porra de momento é esse. Às vezes sinto cheiros e morro de saudades de coisas que já não me lembro mais. Passo metade do dia odiando minha vida e querendo ser sugado pela minha própria insignificância. A outra metade passo rindo do quanto sou dramático e exagerado. Adoro o toque do telefone que quebra o barulho do abandono, a força leve da caneta no papel que pode transformar tantas coisas e o som do carro chegando na chuva para me salvar. Eu adoro ouvir música bem alta, do som da agulha no disco e do resto do Sol que entra pela janela me trazendo calmaria por pertencer a algo e faniquito por não pertencer a tudo. Às vezes, eu gosto apenas da folha em branco, do silêncio, da noite e da janela fechada, de preferência todos juntos. Acho tudo o que se refere ao amor extremamente brega. Acho tudo o que não se refere ao amor extremamente infeliz. Sou essa mala monotemática mesmo, chato e obsessivo, mas que ama muito mais do que odeia, apesar de odiar isso.
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