VIRAMOS MEROS MARIONETES?
Homem Medíocre, O - Pequeno ensaio Moral e Ética dirigido aos jovens José Ingenieros, 164 pgs. Publicado em: 20/12/2002 Editora: Juruá Editora ISBN: 853620172-X de: R$ 29,90 - por: R$ 23,92* |
“O Homem Medíocre” é um ensaio filosófico sobre a natureza humana. O autor nos faz pensar sobre a mediocridade que marca as sociedades modernas, com os homens envoltos em suas rotinas e sem idealismo. São seres humanos “normais” que passam a vida sem vivê-la. Na verdade, reproduzem e vegetam. São homens e mulheres imersos em seus pequenos mundinhos, excessivamente prudentes, pragmáticos e sem ideais. Recusam-se a sonhar! Os seus horizontes não vão além dos instintos e necessidades imediatas.
DESTAQUES:
“Muitos nascem: poucos vivem. Os homens sem personalidade são inumeráveis e vegetam, moldados pelo meio, como cera fundida no cadinho social. Sua moralidade de catecismo e sua inteligência quadriculada, os constrangem a uma perpétua disciplina do pensamento e da conduta; sua existência é negativa como unidade social.
O homem medíocre é uma sombra projetada pela sociedade; é, por essência, imitativo, e está perfeitamente adaptado ara viver em rebanho, refletindo rotinas, preconceitos e dogmatismos reconhecidamente úteis para a domesticidade”.
Não vibram com tensões mais altas de energia; são frios, embora ignorem a seriedade; apáticos, sem serem previsores; acomodatícios sempre, nunca equilibrados. Não sabem estremecer, num calafrio, sob uma carícia terna, nem desencadear de indignação, diante de uma ofensa.
Não vivem a sua vida para si mesmos, senão para o fantasma que projetam na opinião dos seus semelhantes. Carecem de linha; sua personalidade se desvanece, como um traço de carvão sob a ação do esfuminho, até desaparecer por completo. Trocam a sua honra por uma prebenda, e fecham a sua dignidade com chave, para evitar um perigo; renunciaram a viver, ao invés de gritar a verdade em face do êrro de muitos. Seu cérebro e seu coração estão entorpecidos igualmente. Como pólos de um imã gasto.
Quando se arrebanham, são perigosos. A fôrça do número supre a debilidade individual: mancomunam-se aos milhares, para oprimir todos quantos desdenham encadear a sua mentalidade nos élos da rotina.
Subtraídos à curiosidade do sábio, pela couraça da sua insignificância, fortificam-se na coesão do total; por isso, a mediocridade é moralmente perigosa, e o seu conjunto é nocivo em certos momentos da história: quando reina o clima da mediocridade.
São prosáicos. Não têm ânsias de perfeição: a ausência de idéias impede-os de pôr, em seus atos, o grão de sal que profetiza a vida.
Pressentem um perigo em tôda idéia nova; se alguém lhes dissesse , que os seus preconceitos são idéias novas, chegaria a julgá-los perigosos.
Vivem uma vida que não é viver. Crescem e morrem como plantas; não necessitam ser curiosos, nem observadores. São prudentes, por definição, de uma prudência desanimadora. Se um dêles passasse junto ao campanário inclinado de Piza, afastar-se-ia, temendo morrer esmagado.
No verdadeiro homem medíocre, a cabeça é um simples adôrno do corpo. Se nos ouve dizer que serve para pensar, julga que estamos loucos”
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