Quem já não passou pela experiência de, ao viajar a um país estrangeiro, começar a falar o português com toda a liberdade, como se ninguém o compreendesse. Aí então, comenta sobre o rapaz sentado ao lado, que seu sapato é feio, que a moça da frente tem o nariz torto, o menino ali perto é um chato porque não pára de se mexer e assim por diante. Na loja, faz os comentários abertamente sobre o modelo, a qualidade do produto, o preço e tudo o mais. Afinal, quem está entendendo o que dizemos? A gente deita e rola. Até dar uma xingadinha naquele que nos esbarrou é permitido, só pra tirar a desforra de todas as ocasiões era que isso não foi possível. Só que, às vezes, pode-se não ficar imune a uma situação desse tipo, se a pessoa alvo dos comentários entender tudo. E é claro que quando se mora durante muito tempo fora, um dia acaba acontecendo, não com turistas, porque estes são reconhecidos de longe.
Brasileiro em viagem não consegue passar desapercebido, primeiro porque anda sempre em bando, conversando alto, dando risada, o que na Europa, por exemplo, quase não existe. E depois porque a maneira de se vestir, as cores que usa, os cortes de cabelo, e o jeito todo de ser, não enganam. Quando se trata de um brasileiro residente no exterior a coisa fica mais difícil, pois ele já se integrou à nova cultura, e se mistura na multidão, com uma aparência disfarçada. E é numa dessas que a gente se enrosca. Além do mais, não se pode esquecer que existem também portugueses soltos pelo mundo. Eles obviamente entendem nossa língua.
Lógico que um pequeno episódio aconteceu comigo também enquanto morava na França. Conversávamos animadamente, eu e um amigo brasileiro, que criticava a maneira sisuda de os franceses se portarem no metrô. “Como essa ali", disse apontando para nossa vizinha de banco. "Olha só a cara dela, parece que está de mal com o mundo. Nem desgruda o olho do livro. Não suporto gente assim.” Ao que a outra respondeu, sem pestanejar, num bom e claro português: “Mesmo que seja uma brasileira?”. Dá para imaginar com que cara ficamos, não? Por isso, atenção! Antes de dar uma bola fora, pense duas vezes. E só pense. Fique quietinho no seu canto, e não diga nada. Porque depois, não tem como consertar.
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| Em Paris Tudo Acontece - Crônicas - 2ª Edição
Bernadete Zagonel, 109 pgs.
Publicado em: 29/5/2012
Editora: Juruá Editora
ISBN: 978853623805-0
Preço: R$ 19,70
* Desconto não cumulativo com outras promoções e P.A.P. |
SINOPSE
As crônicas escolhidas e compiladas para este livro foram todas publicadas no jornal Gazeta do Povo, de circulação em Curitiba e no restante do Paraná. Elas foram resultado de observações e percepções durante minha estada de quase cinco anos em Paris, onde fui fazer meu Doutorado na área de música.
O olhar de um estrangeiro pode, muitas vezes, captar situações imperceptíveis para os moradores do local, ao ver a sociedade e as relações interpessoais de acordo com seus próprios parâmetros. Assim aconteceu também comigo.
Não procurei, de forma alguma, fazer julgamentos sobre o que eu via e sentia. Apenas relatei e, claro, não pude me furtar a comparar e temperar os casos com minhas opiniões. Presenciei algumas situações engraçadas, outras inusitadas e muitas bem comuns, mas que, de alguma forma, me impulsionaram a compartilhar com meus compatriotas.
A cidade de Paris é única. Sempre linda, imponente, cativante, repleta de gente de todos os cantos. Por isso convido você, que se dispõe a ler esses relatos, a conhecê-la, e aos seus habitantes, com esse olhar de amor e de paixão. Que a leitura destas crônicas lhe desperte estes mesmos sentimentos, e lhe tragam momentos de agradável e divertido lazer.
Bernadete Zagonel
QUEM É BERNADETE ZAGONEL
Doutora em Musica pela Universidade Sorbonne (Université de Paris IV ). Mestre em Educação pela UFPR. Diploma de Estudos Avançados em Música e Musicologia do Séc. XX pela Ecole des Hautes Études/IRCAM, Paris, França. Diploma de Estudos Avançados em Musicologia pela Sorbonne, Paris, França. Graduada em Licenciatura em Música pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná.
Durante sua estada em Paris, dedicou-se também à composição de música eletroacústica, e freqüentou estágios no Atelier des Enfants do Centro Georges Pompidou, no GRM (Grupo de Pesquisas Musicais), no IRCAM (Instituto de Pesquisas Musicais), na Associação Orff e no Instituto Martenot.
Professora Titular de Educação Musical da UFPR (1978-2004). Professora Titular da Escola de Música e Belas-Artes do PR (1978- 2002). Coordenadora e professora do curso de Pós-graduação a distância de Metodologia do Ensino de Artes, FACINTER- Grupo Uninter, desde 2008. Professora de cursos de Pós-graduação na área de Artes e de Música do IBPEX desde 1998.
Foi chefe do Departamento de Artes da UFPR e Coordenadora do Curso de Educação Artística. Criou e implantou os Cursos de Graduação em Música (Produção Sonora e Educação Musical) da UFPR. Presidente do Conselho de Curadores da UFPR (que faz a fiscalização econômico-financeira) de 2001 a 2003. Membro do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão - CEPE - da UFPR em 1996. Membro da diretoria da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música (ANPPOM), com a função de tesoureira (2000-2003). Membro do Conselho Editorial da Associação Brasileira de Educação Musical (1999-2001). Presidente do IX Encontro Nacional da ABEM, em Curitiba (1999), Presidente do V Encontro Internacional de Computação e Música, PUC (2000). Pesquisadora do CNPq de 1996 a 1999. Professora visitante na Universidade Federal da Bahia, atuando no Programa de Pós-Graduação em Música - Mestrado e Doutorado de 1996-1999.
Tem proferido cursos e palestras em diversas instituições de ensino superior como: UNICAMP, UFMG, UFRGS, IBPEX, FACINTER, UFES, Sorbonne, Itaú Cultural, entre outras. Escreveu como colaboradora no jornal Gazeta do Povo, no Paraná, desde 1985.
Vice-presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP) – gestão 2004-2006. Coordenadora da Universidade Livre do Comércio da ACP de 2004 a 2006.
Atualmente é Diretora da Universidade Livre do Comércio e Vice-Presidente da ACP Cultural, da Associação Comercial do Paraná.
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