51 ANOS DO GOLPE MILITAR!
“Memória da Resistência Civil – da ditadura militar à democracia civil”.
“A ditadura foi instalada no dia 1.º de abril, Dia da Mentira, e não no dia 31 de março, como querem fazer acreditar. Em 2 de abril eu já tentava tirar da cadeia um oficial detido. Defendi o jornal Última Hora e jornalistas como o Cícero Cattani, Luiz Geraldo Mazza, Sylvio Back, Walmor Marcelino, Milton Ivan Heller, Francisco Camargo”. Prof. René Dotti
31/03/2015, AUDITÓRIO RENÉ DOTTI – UNIBRASIL O prof. Dotti foi recepcionado pelo Dr. Eduardo Gomes – vice coordenador do Mestrado em Direito – e pela Dra. Wanda Camargo – Coordenadora Cultural. O Editor do Instituto Memória, Dr. Anthony Leahy, lembrou o pensamento de Kant (Quem rasteja como verme não pode queixar-se de ser pisoteado) e agradeceu ao prof. Dotti pela sua luta em prol da liberdade e pelo Estado Democrático de Direito, que garantiu ao país o direito de não rastejar e poder andar como cidadão. O prof. Dotti falou para um auditório com mais de 300 pessoas, entre estudantes, professores, advogados e magistrados, destacando a presença do Desembargador do TRT/PR Luís Eduardo Gunther; do Juiz TJ/PR – Diretor da Escola de Magistrados do Paraná, Francisco Oliveira; da presidente da Academia Paranaense de Letras, Chloris Casagrande Justen; e de Luís Carlos Prestes Filho.
O prof. Dotti falou sobre um dos períodos mais conturbados da história brasileira, a época do regime militar. Ele explanou sobre as dificuldades dos anos de chumbo em que os direitos foram suprimidos e também sobre as consequências sociais e políticas que assombram o país até hoje. O prof. Dotti deixou claro que se tratou de um golpe e não de uma revolução, e que o dia verdadeiro foi 1º de abril. A data de 31 de março é só mais uma manipulação da verdade, uma farsa histórica. Relembrou que a ditadura militar representou um atraso institucional muito grande para o Brasil, pois os métodos utilizados pelo governo militar, entre os anos 1964 e 1985, aboliram os direitos, as liberdades e as garantias individuais, elementos indispensáveis para o desenvolvimento do cidadão: “O Brasil perdeu a oportunidade de crescimento em nível social e cultural, outro grande prejuízo para o país ocorreu com a mutilação da vocação dos jovens para a política, porque uma das preocupações da ditadura foi impedir o desenvolvimento dos centros acadêmicos universitários e, consequentemente, impediu o nascimento de líderes para o Estado, para o município e para a nação”, declarou. Alertou sobre a necessidade de estudar e conhecer a história do Brasil: “O sofrimento e os problemas terríveis que tivemos, não podemos esquecê-los, eles devem ser lembrados para que não sejam repetidos”, Segundo o professor, uma das principais consequências sociais e econômicas do regime militar foi o chamado “Milagre Econômico Brasileiro”, que significou um aumento em níveis extraordinários da economia nos anos 60 e 70 e que ocasionou um aumento de concentração de renda e de pobreza, contribuindo para o crescimento do abismo social no país. “Este “milagre” nos deu um prejuízo econômico imenso, uma dívida extraordinariamente grande que o Brasil adquiriu em função desses anos de chumbo”. Terminou ressaltando a importância do direito de não ter medo, pois com medo, nenhum outro direito pode ser usufruído plenamente.
“Trazer à tona uma história recente e muito importante para o Brasil é importante não só pelo regate histórico do nosso país, mas porque o dia 31 de março é considerado o Dia da Revolução, que foi promovida pelos militares que afastaram do governo o presidente regularmente eleito, João Goulart. Por outro lado, é importante essa discussão já que boa parte da sociedade fala da intervenção dos militares para sanear o problema gravíssimo da corrupção, mas essa lição não pode ser adotada, pois a experiência nos mostrou o comando dos militares como altamente prejudicial tanto do ponto de vista dos direitos humanos quanto da própria organização do Estado e da liberdade da sociedade”, Prof. René Dotti
Anthony Leahy informa que o Instituto Memória – Centro de Estudos da Contemporaneidade – promoverá uma série de palestras do prof. Dotti sobre A LIBERDADE DE NÃO TER MEDO, em reação ao surgimento de absurdos e reiterados pedidos pela volta do regime militar, em um crime contra o Estado Democrático de Direito. (editora@institutomemoria.com.br)
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