quarta-feira, 8 de agosto de 2012

MEU PARANÁ EU FAÇO - Jamil Snege (1939-2003)


MEU PARANÁ EU FAÇO
NO CABO DE UMA ENXADA
NO VOLANTE DE UM CAMINHÃO
NA ESCOLA EM CONSTRUÇÃO
NO RISCO DE UMA ESTRADA
O MEU PARANÁ EU TRAÇO.
SEM DESÂNIMO E SEM CANSAÇO
VOU SEMEANDO ESTE CHÃO.
VOU ABOIANDO O GADO
COLHENDO A ESPIGA MADURA
TIRANDO DA TERRA A FEITURA
NEM QUE SEJA DE UM NACO DE PÃO.
O MEU PARANÁ EU PLANTO.
O PEDAÇO QUE ME CABE
SEJA DE NOITE OU DE DIA
NO CAMPO OU NA CIDADE
SOL QUENTE, MARÉ FRIA
O MEU PEDAÇO EU GARANTO.
NA FÁBRICA, NA OFICINA
NO ESCRITÓRIO, NA USINA
NÃO TEM TEMPO RUIM.
GEADA OU CERRAÇÃO
ENCHENTE OU ESTIADA
NA PONTA DA MADRUGADA
JÁ ESTOU CUIDANDO DE MIM.
QUE IMPORTA SE A VIDA É DURA…
AMANSO ELA NA CANGA
TRANSFORMO USURA EM FARTURA
METO O PEITO, DOU CASTIGO
O MEU PARANÁ EU BRIGO.
POR ISSO EU DIGO, IRMÃO
TOME CONTA DESTE CHÃO
GARANTA O SEU PEDAÇO…
ASSUMA O SEU QUINHÃO.
O MEU PARANÁ SOMOS TODOS
CADA QUAL COM SUA PARTE
SEU OFÍCIO E SUA ARTE
REPARTINDO O MESMO PÃO.
Jamil Snege (1939-2003)

Nenhum comentário:

Postar um comentário