Batalha do Cormorant
A embarcação inglesa HMS Cormorant tinha instruções, em 1850, de intensificar o patrulhamento e reprimir o tráfico negreiro na costa brasileira. O cruzador inglês adentrou a baia de Paranaguá em perseguição a três brigues e uma galera. Houve uma manifestação por parte do guarda-mor da alfândega de Paranaguá o sr. Francisco Pinheiro que visitou o capitão Hubert Schumberg no tombadilho do Cormorant e discutiram sobre os fatos ocorridos na baia. Nesta visita o capitão inglês apresentou um ofício relatando seus atos às autoridades locais, porém, o coronel Manuel Antônio Guimarães, comandante da Guarda Nacional, o delegado de polícia, José Francisco Barroso e o juiz municipal dr. Filastro Nunes Pires recusaram-se a receber o documento.
A comunidade parnanguara ficou indignação com o desfecho que o capitão inglês daria aos navios brasileiros e alguns jovens resolveram tomar uma atitude em nome da soberania nacional. Manuel Ricardo Carneiro, Caetano José de Souza, Bento Antonio de Menezes, José Cardenes do Amaral, Joaquim Caetano de Souza Ferreira, entre outros, acompanhados das tripulações dos navios arrestados, desembarcaram na Ilha do Mel e em entendimento com o comandante da fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres, capitão Joaquim Ferreira Barbosa, fizeram os preparativos para o enfrentamento. Com uma artilharia básica e em desuso desde o ano de 1839 quando repeliu forças farroupilhas que tentaram capturar naus no porto, os moradores, juntamente com as tripulações e a pequena guarnição da fortaleza, conseguiram montar dez Canhões.
Ao aparecer o Cormorant rumo à barra na manhã de segunda-feira dia 1° de julho de 1850 e trazendo consigo as três naus brasileiras, o comandante da fortaleza enviou um ofício ao capitão inglês, onde orientava que o cruzador deveria seguir viagem sem os navios apreendidos, deixando este em poder das autoridades locais e na desobediência deste ofício a fortaleza faria fogo. O ofício nunca foi entregue, pois foi repelido com tiro de pólvora seca pelo Cormorant. A fortaleza revidou com um tiro e novamente o Cormorant fez fogo, agora para a ilha. A guarnição da Ilha do Mel fez novos disparos, agora com todos os canhões da fortaleza e nos 30 minutos que se seguiram houve o confronto entre a artilharia brasileira na fortaleza e os seis canhões do cruzador HMS Cormorant. A batalha só terminou quando os canhões da fortaleza da barra já não tinham eficácia no alcance ao cruzador inglês.
O Cormorant teve danos consideráveis e duas baixas, uma fatal e outro na enfermaria durante toda a viagem rumo a Africa. No combate o Cormorant ficou limitado em suas manobras decorrente ao reboque das naus brasileiras. No lado brasileiro os danos foram mínimos fisicamente e apenas feridos leves.
Os atos ocorridos na baia de Paranaguá acirraram os ânimos britânicos que exigiram uma reparação formal do governo brasileiro. Dois meses após o Incidente de Paranaguá foi aprovado à lei Eusébio de Queiros que extinguia o tráfico negreiro no Brasil e a Marinha Brasileira acompanharia a Royal Navy no patrulhamento da costa brasileiras, porém, na prática o tráfico continuou por longos anos até a sua extinção total.
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